Era uma vez uma pequena povoação nascida na margem direita do rio Lima, chamava‐se Átrio e tinha uma montanha densa de arvoredo, onde no alto existia a fortificação de um castro habitado por povos sem nome e que, a dada altura, desceram ao litoral, buscando na pesca melhor alimento e mais comércio.
Na praia, várias embarcações esperavam pelas madrugadas para serem lançadas às vagas e ao anoitecer, as companhas regressavam ao Átrio, para a alegria das mulheres e das crianças. Ora, morava no Átrio, uma linda rapariga chamada Ana, filha de pescador, sempre com uma canção nos lábios, ouvida por algum jogral que chegava da vizinha Galiza. Escutava, com imenso prazer, estas cantigas de amor e de amigo, um jovem barqueiro. De tanto escutar a voz harmoniosa de Ana, o rapaz começou a sentir pela rapariga um amor que ia aumentando dia após dia.
Confessara já aos amigos e companheiros de lida o agrado desse amor nascente. E estes, contentes com a sua felicidade, sorriam quando o moço barqueiro, ao voltar do Átrio, lhes atirava um brado feliz:
‐ Vi Ana! Vi Ana!
Um dia, porém, não se contentou em vê‐la e dirigiu‐lhe a palavra. A rapariga percebeu o seu vivo interesse amoroso por ela e o seu coração lisonjeado retribuiu-lhe esse interesse. Não tardou em realizar‐se o casamento dos dois namorados. Durante os festejos, os companheiros e amigos do noivo recordaram‐lhe o brado entusiástico:
‐ Vi Ana! Vi Ana!
O dito foi logo adotado pelos pescadores do Átrio que passaram a repeti‐lo quando regressavam dos trabalhos duros da faina.
‐ Vi Ana! Vi Ana!
Ao conceder o foral à povoação da foz do Lima, em 1258, o rei D. Afonso III, que a visitou tempos antes, extasiando‐se com tanta beleza e prosperidade, substituiu‐lhe o nome de Átrio pelo de Viana.
bibliografia
- AA. VV., - Literatura Portuguesa de Tradição Oral s/l, Projecto Vercial - Univ. Trás -os-Montes e Alto Douro, 2003 , p.L23
- Lenda de Viana. (s. f.). https://www.altominho.pt/pt/viver/lendas-e-tradies/lenda-de-viana/
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