Tradições e expressões orais
Conceções míticas e lendárias
Vila Nova de Cerveira

Era uma vez uma terra cheia de montes, árvores e plantas muito verdinhas. Mesmo ao lado de um rio vivia um grupo de cervos, animais de enorme beleza e quase mágicos. Nesta terra ainda não moravam pessoas, tudo pertencia aos cervos!

Mas os homens que viviam em terras próximas depressa começaram a vir para este vale, à procura de alimento para as suas famílias. Os cervos tinham medo das armas dos caçadores e começaram a fugir e a esconder-se em abrigos no alto dos montes. Tiveram então de escolher o mais forte e belo de todos os cervos para proteger a sua terra.

O escolhido foi nomeado Rei, o Rei Cervo.

O tempo foi passando, e os cervos lutaram contra os homens mais corajosos que se atreviam a tentar conquistar esta terra. O Rei Cervo foi comandando estas batalhas e saiu sempre vencedor. Mas tantas foram as lutas que os cervos foram morrendo, sobrevivendo apenas o velho Rei Cervo.

Certo dia um forte cavaleiro português achou que não seria um simples cervo que o ia impedir de tomar estas terras como suas. Foi ter como o cervo e desafiou-o para um duelo. Quem vencesse, ficaria a reinar! O Rei Cervo, que nunca tinha recusado nenhuma luta, aceitou o desafio e acabou por vencer o cavaleiro. Subiu o alto do monte, e lá ergueu a bandeira que tinha tirado ao cavaleiro. Mas, com o passar dos anos, os povos vizinhos deixaram de ver o Rei Cervo no monte. Um grupo de valentes homens resolveu ir à procura dele e, quando finalmente o encontraram, estava no chão, já sem vida, mas ainda agarrado às armas e ao escudo do cavaleiro vencido! Com a sua morte, as terras ficaram livres e os homens apressaram-se a construir ali as suas casas. E assim nasceu uma vila à qual deram o nome de Cerveira, em homenagem aos cervos que viveram ali e, sobretudo, ao Rei Cervo.

bibliografia

  • Campelo, A. (2002). Lendas do Vale do Minho. Valença: Edição Associação de Municípios do Vale do Minho.

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Vitor Oliveira | https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/