O batismo da meia-noite

Nos tempos antigos, era costume os homens irem com as mulheres grávidas para fazer o batismo à meia-noite. O homem e a mulher iam à noite com alguns familiares à ponte sobre o rio Lima. A mulher devia estar bem avançada na gravidez. Um familiar ficava à espreita na estrada à entrada da ponte, para quando uma pessoa vier, pedir-lhe para “fazer uma oração cristã” (ser o padrinho do batismo da meia-noite). Se a pessoa aceitar ela iria para o lado da mulher e esperaria até à meia-noite. Nenhum cão ou gato poderia passar pela ponte durante esse tempo porque tudo estaria arruinado e eles teriam de voltar outro dia.

Depois, o padrinho recolhia água do rio e fazendo uma cruz na barriga da mulher, dizia: “Eu te batizo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” e não falava o nome da criança. O nome só era dito pelo pai mais tarde, na pia batismal da igreja. O menino ou menina já estava assim abençoado pela água do batismo e, se Deus quisesse, nasceria bem e com saúde.

Na parte galega encontramos uma lenda muito semelhante ligada à Ponte da Senra em As Neves. A lenda desta ponte conta que toda mulher grávida, quando tem uma gravidez complicada, para levá-la adiante, terá de ir até a ponte e deitar-se debaixo dela até que passem um homem e uma mulher, quem mais tarde serão os padrinhos do menino ou menina, terão que descer e tirar água para o seu abdômen. Um familiar deve ser colocado de cada lado da ponte para evitar que qualquer animal, seja pássaro, cachorro ou gato, passe por ela, pois nesse caso a mulher abortaria.