O “lenço dos namorados” representa um componente fundamental da arte e da cultura popular portuguesa. Esta forma poética e artística era utilizada pelas raparigas do Minho que chegavam à idade de casar. O lenço era constituído por um quadrado de linho ou algodão que a menina bordava ao seu gosto. Fazia parte do vestuário feminino típico e tinha uma função fundamentalmente decorativa. Além disso, o lenço também tinha a função de conquistar o “suposto amante”. A jovem, aproximando-se da idade do casamento, bordava o lenço. Depois de bordado ia para as mãos do “amante” e o início de uma relação amorosa era decidido a partir do uso ou não em público. Portanto, os lenços carregam consigo os sentimentos de amor revelados por meio de vários símbolos de amor como fidelidade, compromisso e amizade. Os erros ortográficos frequentemente encontrados nos textos dos panos antigos explicam-se pelas características da pronúncia minhota transcritas foneticamente por quem tinha um domínio imperfeito da escrita da língua portuguesa. Chegaram aos nossos dias dezenas de exemplares destes lenços, alguns traduzindo fenómenos sociais significativos como a emigração para o Brasil ocorrida no início do século XX e que afetou particularmente o Minho: “Meu Manel bai pro Brasil/ Eu tamém bou no bapor/gardada no coraçon/ Daquele qué meu Amor”
bibliografia
- Norogrando, R., & Broega, A. C. (2012). Espaço aberto: O lenço de namorados. dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, 5(12), 10. https://doi.org/10.26563/dobras.v5i12.85
- Favaro, C. E., (2011). OS LENÇOS DE NAMORADOS. TRADIÇÃO, CULTURA POPULAR E AFETIVIDADE. Fronteiras: Revista de História, 13(24), 151-168.
Créditos da imagem de destaque
www.cm-stirso.pt